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Eu sou aquela espécie em extinção, totalmente exótica, que causa espanto...

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Após algumas tentativas de criar um blog, peregrinações em sites resolvi construir aqui meu lugar.Não apenas um diário...ou não um diário, mas onde mostrarei minhas percepções, as músicas que me tocam, os sonhos que me perpetuam, as tristezas que me afligem ...Derramarei um pouco do que sou, do que almejo ser e também do que fui... Porque a mudança é uma constante, e se assim não fosse seria realmente chato viver! Considere-se Bem Vindo ao mundo fantástico de Letícia ...

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Os ombros suportam o mundo

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Os ombros suportam o mundo

Carlos Drummontde Andrade


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.

E as mãos tecem apenas o rudo trabalho.

E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.

És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teus ombros suportam o mundoe ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prosseguee nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

//Escrito por Perséfone às |


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